9 coisas que você não sabia sobre a exportação de ovos
Conheça os detalhes da operação logística desde a granja até a chegada do alimento no outro lado do planeta
Se levar os ovos comprados no supermercado até em casa pode parecer uma tarefa complicada – com o cuidado máximo para não quebrar nenhum –, imagine as etapas do processo de exportação desse alimento numa viagem internacional que pode levar até 45 dias?
Para conhecer os detalhes dessa incrível logística, o AgroSaber conversou com o engenheiro de produção Gilson Katayama, que tem especialização em automação industrial pela Universidade de Okayama, no Japão. Ele é diretor comercial do Grupo Katayama, uma das principais indústrias avícolas do País, com quase 80 anos de história e que também atua nos segmentos de pecuária e fertilizantes orgânicos.
A produção da Katayama está concentrada em uma área de 725 hectares, na cidade de Guararapes (SP), e conta com 430 funcionários. A companhia produz ovos brancos, vermelhos, enriquecidos, de codorna, líquidos pasteurizados e desidratados (em pó), além de oferecer também ovos caipiras e ovos caipiras orgânicos.
A perspectiva da indústria avícola para 2021 é aumentar em 15% a produção anual de 1 bilhão de ovos, com a construção de dois novos aviários com capacidade para adicionar 280 mil aves ao plantel existente, de quatro milhões de aves, entre recria e postura. Conheça agora o passo a passo da exportação de ovos, que para a Katayama sai do Porto de Santos, no litoral paulista, e pode seguir para o Oriente Médio e Japão.
1. Qual tipo é mais exportado?
A maior parte da exportação brasileira é de ovos in natura, ou seja, ovos frescos. Eles representam cerca de 60% das exportações. Também são embarcados os ovos industrializados (líquidos e em pó, ou desidratado). “As vendas da Katayama Alimentos para o mercado internacional acompanham os índices setoriais e os ovos mais exportados são os ovos “in natura”, na faixa de peso de 53 a 63 gramas. Entre os industrializados, a maior demanda é do ovo em pó, utilizado como ingrediente de produtos processados, como biscoitos e bolos”, diz Gilson.
2. Os ovos frescos recebem algum tipo de limpeza ou tratamento especial?
No caso da Katayama, os ovos são produzidos sem qualquer contato manual. São coletados automaticamente da granja, onde estão às aves, e levados até o setor de beneficiamento. Lá, passam por um moderno sistema de limpeza e desinfecção. Cada um recebe banho de luz ultravioleta que elimina fungos e bactérias. Nesse processo, os ovos com microfissuras são descartados.
3. Eles vão em alguma embalagem especial?
As embalagens para a exportação de ovos são semelhantes às dos supermercados. Segundo Gilson, o que muda, é que as bandejas e caixas recebem um tratamento específico para refrigeração, além de serem mais robustas devido ao longo tempo de transporte. “No caso das embalagens de ovos desidratados, não apresentam diferenças, pois são enviados em temperatura ambiente”, diz o engenheiro de produção.
4. Quantos ovos cabem na bandeja?
Cada bandeja possui 30 ovos e são exportados em caixas de papelão com 12 bandejas – uma em cima da outra, o que significa 30 dúzias de ovos. Já os ovos desidratados são embalados em sacos de polietileno e em sacos de papel Kraft, de 20 quilos. Já os ovos líquidos pasteurizados são acondicionados em galões de plástico de cinco quilos e em bags plásticos de 18 quilos dentro de uma caixa de papelão.
5. Como é feito o transporte até o porto?
O transporte é feito por caminhões apropriados, que possuem baús como se fossem contêineres refrigerados. “O alimento deve ser mantido à temperatura de zero grau, desde a nossa planta avícola até o cliente final. Ou seja, essa temperatura é mantida no transporte até o porto de Santos, e em todo o percurso marítimo e até à chegada ao armazém do cliente”, explica Gilson.
A exportação de ovos da Katayma têm dois destinos principais: países árabes, no Oriente Médio, e Japão. “Quando nossos produtos chegam aos países árabes, por exemplo, em que as temperaturas são altas, eles passam por todo um processo de readaptação à temperatura de comercialização. Nestes países, os ovos são vendidos em gôndolas refrigeradas com temperatura média entre seis e 12 graus”, diz.
6. Em quanto tempo eles chegam?
O tempo médio do transporte depende do destino. “Nossos produtos chegam até os países árabes, por exemplo, com média de transporte marítimo de 30 dias. Para o Japão, o tempo de viagem é de aproximadamente 45 dias”, diz Gilson.
7. Qual o índice de perdas?
Para a Katayama, o índice de perdas é bem baixo: cerca de 0,1%. Isso quer dizer que só 1 ovo é descartado a cada mil exportados. “Estamos dentro dos limites de tolerância, pois tomamos todos os cuidados necessários em nossa indústria, no processo de embalagem e transporte até o porto, para garantir que os produtos cheguem ao destino final com o mesmo padrão de qualidade de nossas entregas em território nacional”, afirma Gilson.
8. Qual a validade do ovo?
A validade para os ovos frescos varia de acordo com o destino e regras convencionadas para cada cliente. “Para os países árabes a validade é de 90 dias. Já o prazo de validade para o ovo em pó que exportamos é de um ano”, diz o engenheiro de produção.
9. Quanto o Brasil exporta de ovos?
Se for comparada a produção ovos, o Brasil exporta ainda muito pouco. Praticamente toda a produção é voltada para atender o consumidor brasileiro. Em 2020, a produção nacional foi a maior da história: 53,5 bilhões de ovos, 9,13% em comparação com 2019, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Desse total, 99,69% ficaram no mercado interno, e apenas 0,31% foi exportado, o que significou 6,25 mil toneladas de ovos que foram para outros países.
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