As 7 metas do agro brasileiro para o clima
Conheças as ações que já estão em curso na produção agrícola no País e que podem ajudar o futuro do mundo a ficar mais verde
Nesta quinta-feira (22/4), o mundo celebra o Dia da Terra. Criada pelo senador norte-americano Gaylord Nelson em 1970, a data inspira e provoca o debate para a conscientização da importância da proteção ambiental. Não é à toa que justamente hoje, os olhos do mundo se voltam para os Estados Unidos, que sedia até amanhã a Cúpula de Líderes sobre o Clima.
Muito antes de os líderes mundiais definirem suas propostas e metas, tem um setor que vem desenvolvendo práticas que estão contribuindo para futuro mais promissor para o clima. Confira as sete metas do Agro brasileiro que já estão em curso priorizando o sequestro de gás carbônico (CO2) e a preservação ambiental.
1 – Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)
É o cultivo intercalado de plantações como soja, milho, algodão, integrados à plantação de florestas e à criação de animais numa mesma área. Esse sistema está em franco desenvolvimento pelo País e já ocupa uma área agricultável de cerca de 7,5 milhões de hectares. Somado a outras tecnologias agrícolas tornou-se o grande motor de sequestro de CO2. Um grupo de cientistas brasileiros estima que em 2020, todas essas tecnologias reunidas podem retirar do ar até 162,9 milhões de toneladas de CO2 equivalente. O CO2 equivalente é a medida internacional que reúne, na mesma base, as emissões de todos os gases de efeito estufa (GGEs). Os GGEs mais conhecidos são o dióxido de carbono (CO2) ou simplesmente gás carbônico, o monóxido de carbono (CO), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O).
2 – Renovabio
A Política Nacional de Biocombustíveis, mais conhecida como RenovaBio entrou em vigor no final de 2019, e trouxe um grande instrumento: o Crédito de Descarbonização (CBio), um título financeiro verde negociado na bolsa de valores B3 e que começou a ser vendido em 2020. A cada uma tonelada de CO2 sequestrada e auditada, em plantação de cana-de-açúcar, por exemplo, é emitido 1 título de CBio. Esse mercado de CBios favorece distribuidoras de combustíveis e demais empresas que precisam compensar suas emissões de gases de efeito estufa, em cumprimento às legislações ambientais e ao compromisso de menores emissões futuras. E favorece o meio ambiente, pois até 2029, a emissão de CBios pode sequestrar 530 milhões de toneladas de CO2 do ar.
3 – Carne Carbono Neutro
Uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa emite um certificado de emissão “zero” para fazendas de produção de bovinos de corte e já tem carne sendo vendida no mercado com a marca desse projeto. A iniciativa passa a comprovar que a atividade pode sequestrar todo os gases emitidos pelos animais. Um estudo da Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande (MS), mostra que cerca de 200 árvores por hectare seriam suficientes para neutralizar os GEEs emitidos por 11 bovinos adultos por hectare por ano.
4 – Energia verde
O etanol, feito a partir da cana-de-açúcar, é o combustível renovável que mais pode beneficiar o meio ambiente. A emissão de CO2, desde o cultivo da cana-de-açúcar até a queima do combustível pelos veículos, é de 440 quilos a cada mil litros de etanol consumidos, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Enquanto o volume de emissão equivalente para a gasolina totaliza 2,8 toneladas por ano.
5 – Tratamento de dejetos
Sabia que cerca de 400 fazendas do País adotam tecnologias de tratamento de esgotos nas criações de aves, suínos e bovinos de leite e de corte? Esse tratamento é feito por biodigestores, onde são aproveitados os dejetos dos animais para a produção de gás, energia elétrica e fertilizantes. Em uma década, essas fazendas sequestraram do ar 391 milhões de toneladas de CO2 equivalente.
6 – Economia verde
A onda de sustentabilidade como a adoção de sistemas de ILPF, instalação de biodigestores e até a melhoria dos pastos vão demandar dinheiro para investimento. Projetos como esse podem criar R$ 700 bilhões em títulos verdes, segundo a Climate Bonds Initiative (CBI), uma organização internacional com sede em Londres, na Inglaterra. A pecuária é a atividade que mais demandará esses recursos. Serão R$ 331,9 bilhões, 47,9% do total.
7 – Preservação florestal
Da área florestal brasileira de 564,5 milhões de hectares, 66,3% de todo o território nacional, 25,6% estão protegidas em propriedades rurais. Isso significa uma área de 218 milhões de hectares e corresponde a área correspondente a seis vezes a Alemanha. Sabia que esse número de proteção pode crescer ainda mais com a regularização fundiária? O Projeto de Lei 2633 que tramita na Câmara promoverá um reflorestamento de 4 milhões de hectares em propriedades rurais na Amazônia Legal.
E aí, gostou da matéria? O AgroSaber segue em sua missão de trazer boas informações aos seus leitores. Sinta-se livre para curtir, comentar e compartilhar (os links de suas redes sociais estão logo aí abaixo).