História de 139 anos leva o País a ser o maior produtor de soja do mundo

História de 139 anos leva o País a ser o maior produtor de soja do mundo

Confira os principais destaques da saga para o Brasil ganhar a liderança uma das lavouras mais importantes do mundo

A colheita de soja dessa safra 2020/2021 terminou. Foram 135,9 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Novamente, foi o maior recorde de produção da história da lavoura em solo brasileiro. É novamente a maior produção global do grão, representando 37,3% dos 364,1 milhões de toneladas colhidas em todo o mundo, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda, na sigla em inglês).

Logo atrás do Brasil, vem os Estados Unidos, com 112,6 milhões de toneladas (30,9%); a Argentina, com 47 milhões de toneladas (12,9%); a China, com 19,6 milhões de toneladas (5,4%); o Paraguai, com 9,9 milhões de toneladas (2,7%); e a União Europeia, com 2,6 milhões de toneladas (0,7%).

Mas como essa lavoura chegou aonde está no País? Acompanhe essa história na série de matérias do AgroSaber sobre a história da produção de alimentos no Brasil e no mundo.

O livro “A saga da soja, de 1050 a.C. a 2050 d.C.”, de 2018, dos engenheiros agrônomos e pesquisadores brasileiros Decio Luiz Gazzoni e Amélio Dall’Agnol, da Embrapa Soja, em Londrina (PR), conta essa trajetória, desde a domesticação da planta na antiga China, até essa oleagionsa tornar-se o quarto grão mais produzido no mundo e, no caso do Brasil, a principal lavoura responsável pela evolução do agro nos últimos 40 anos.

Da Bahia ao Rio Grande do Sul

Gazzoni e Dall’Agnol relatam que o primeiro registro do cultivo de soja no Brasil é datado em 1882, atribuído a pesquisas do professor da Faculdade de Agronomia de Cruz das Almas, na Bahia, Gustavo D’Utra. No entanto, o experimento de tornar a produção da soja em larga escala não deu cero, pois, naquela época, as variedades da planta eram adaptadas exclusivamente a climas frios ou temperados.

Em 1891, a soja entrava em cena novamente, mas como uma opção de alimentação para o gado, a partir de testes de cultivares obtidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC-SP). Da região sudeste, o grão viajou para o Sul, com mais testes sendo feitos no Rio Grande do Sul, onde a lavoura ganhou mais resultados, com o primeiro cultivo comercial em 1914, no município de Santa Rosa (RS).

Até então a planta ainda era exclusivamente para a alimentação de rebanhos como bovinos e suínos. Foi a partir dos anos 1940 que a lavoura de soja começou a ganhar mais importância econômica. Até a década de 1960, o RS era praticamente o único Estado produtor de soja no País, e foi a partir da migração desses produtores para demais regiões do Brasil que a lavoura começou a se desenvolver no Paraná e em regiões do Cerrado brasileiro.

Cultivares brasileiras e o Cerrado

Apesar de incentivos da plantação em Estados, o País ainda dependia de variedades americanas, e que não estavam adaptadas para regiões mais quentes e de terras menos férteis como era a característica do Cerrado. Foi em meados da década de 1980, que surgiram as primeiras variedades adaptadas da Embrapa e demais instituições de pesquisa o que permitiu a expansão da lavoura nos Estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Na década de 1990, a produção do Cerrado já respondia por 40% da safra nacional; e a partir dos anos 2000, o Centro-Oeste se tornava o maior produtor do País, e se mantém na liderança até hoje.

Por que a soja?

O grão foi ganhando maior status no mercado internacional, quando passou a ser parte de ingredientes na formulação de ração animal, além de alçar mais mercados na composição de produtos para alimentação humana, como óleos, por exemplo. Esse movimento foi o que valorizou o grão até que se tornasse uma das commodities agrícolas mais reverenciadas.

Pesquisas e inovações fazem parte da história da soja. Segundo especialistas, a expectativa é que a partir do grão se possa ter extrair maior quantidade de nutrientes e óleos de melhor qualidade para nutrição humana. Também estão sendo sempre estudadas e desenvolvidas variedades mais resistentes ao ataque de pragas e doenças, e aos períodos de seca.

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