O ‘mato’ valioso e nutritivo alimenta 215 milhões de bovinos no campo
Estudantes da Etec Presidente Prudente, no estado de São Paulo, reforçam a pesquisa nacional de pastagem para avaliar o melhor alimento para se obter mais carne e leite
Sabe aquele mato persistente em diversos terrenos baldios nas grandes cidades e que ninguém dá muita importância? No campo, espécies semelhantes desse mesmo ‘mato’ são valiosas, e mais, tem sido amplamente estudadas por cientistas por um único objetivo: alimentar muito bem o rebanho de 215 milhões de bovinos, para produzir mais carne e leite.
A esse ‘mato’, chama-se propriamente de pasto, pastagem, gramínea ou plantas forrageiras. Sabia que o Brasil, através da Embrapa, é o maior centro de pesquisa dessa planta no mundo? São diversas de espécies e subespécies de plantas estudadas, cada uma ideal para um tipo de região no País e para um tipo específico de rebanho.
Há quatro anos, a avaliação dessas espécies também tem feito parte da rotina de estudos dos alunos da Escola Técnica Estadual (Etec) Prof. Dr. Antônio Eufrásio de Toledo, de Presidente Prudente (SP). Com o objetivo de estimular a inovação no campo, gerar avanços na produção e melhoria na qualidade da carne consumida pela população, os estudantes avaliaram o valor de cultivo no uso de pastejo com diferentes sementes de capim, incluindo cultivares importados que ainda não estão disponíveis para comercialização no País.
Pesquisa
O estudo é feito em parceria com a Associação Nacional dos Produtores de Sementes de Gramíneas e Leguminosas Forrageiras (Anprosem), e avalia quatro tipos de capins de braquiária – ou Brachiaria, na sua forma científica, além de analisar o comportamento do capim miyagui.
O acompanhamento dos dados vem trazendo resultados no mercado de sementes local e no aprendizado dos alunos da Etec. No momento, mais uma plantação de gramíneas está crescendo e poderá receber animais para pastagem no segundo semestre. Para realização da pesquisa, a Etec disponibilizou uma área equivalente a oito campos de futebol, além de 24 bezerros para consumo da pastagem.
Já foram envolvidos mais de 160 estudantes dos cursos técnicos de Agropecuária, Agrimensura e Florestas integrados ao Ensino Médio. Eles atuaram em atividades de planejamento, preparação do solo, plantio, acompanhamento de rebanho e testes em laboratório.
“As primeiras etapas permitiram avaliar o diferencial de cada espécie em relação às condições climáticas e a topografia da região. Os dados vão aprimorar o cultivo e a introdução de novos tipos no mercado para atender às diferentes necessidades dos produtores”, explica o professor responsável pelo projeto, Cauê Zanet.
Semeando oportunidades
Os alunos aprendem técnicas de cultivo e de melhoramento genético de sementes, levando em consideração quantidade de proteína, digestibilidade e ganho de peso do gado, bem como durabilidade da planta, potencial de reprodução, impacto ambiental e economia de recursos para manutenção.
“A pesquisa estimula a inovação e o empreendedorismo entre os jovens na busca pela produção de capins mais adaptados ao solo arenoso do Oeste Paulista. A prática aumenta ainda a possibilidade de emprego nas diversas empresas agrícolas e de nutrição animal da região”, diz Zanet.
A iniciativa trouxe benefícios para a escola e também para a cooperativa de estudantes com a estruturação de uma área completa de pasto, com cerca de arame, bebedouro para os animais e acompanhamento metodológico profissional. “Agora os jovens podem trabalhar o ciclo inteiro da pastagem. Antes era possível somente criar bezerros para comercialização. Hoje temos nossas primeiras novilhas para engorda, ampliando as possibilidades produtivas da fazenda.”
Com a pandemia, as atividades presenciais deram lugar a video-aulas produzidas por professores e funcionários da Etec. “O trabalho é contínuo, com as diversas fases de vida do pasto, permitindo uma atualização constante dos alunos, principalmente em qualidade genética. Eles estarão sempre à frente das novidades para melhorar a produção, destaca Zanet.
Com informações de Ascom/CPS