Primeiro bife com certificado de emissão “zero” já está à venda
Produto tem o aval da pesquisa da Embrapa que atesta uma produção pecuária livre de emissões de gases de efeito estufa
A produção de alimentos ganha cada vez mais o apelo de sustentabilidade. Desde o final de agosto estão à venda os primeiros cortes de carne bovina com certificado de emissão “zero” de gases de efeito estufa (GEE).
A marca de carne Viva é o resultado da união do projeto de pesquisa Carne Carbono Neutro (CCN) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), dos esforços de pecuaristas e da fabricante de carnes e alimentos Marfrig Foods, a segunda maior processadora de proteína animal no País.
Por enquanto, essa linha de produto está à venda exclusiva em 10 lojas selecionadas do Pão de Açúcar, na cidade de São Paulo, mas o plano é que logo a distribuição esteja disponível para todo o País.
Emissões neutralizadas
A produção de carne com certificado de emissão “zero” nasceu com o desenvolvimento de um sistema de produção de bovinos que sequestrasse toda a emissão de GEEs vinda dos animais. A redução é um dos principais compromissos dos países pois há indícios que esses gases estejam fortemente relacionados às mudanças climáticas e ao aquecimento global.
A pecuária assim como qualquer outra atividade econômica é passível de emitir esses gases. Mas agora, com a receita da Embrapa, os produtores rurais podem ajudar a reduzir ao máximo a liberação de GEEs. A certificação é auditada por empresas especializadas e que comprovam o sequestro dos gases a cada quilo de carne produzido.
Como é feita essa redução?
A redução das emissões é realizada pelas plantações em volta da criação do rebanho. Quanto mais plantas, maior a capacidade de sequestro dos gases. Numa fazenda de gado, além das pastagens (vegetação de capim cultivada e que serve de alimentação para o rebanho), os produtores associam na mesma área o plantio de lavouras, como soja e milho, e árvores. Este sistema é conhecido como Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
Um estudo da Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande (MS), mostra que cerca de 200 árvores por hectare seriam suficientes para neutralizar os GEEs emitidos por 11 bovinos adultos por hectare ao ano. A técnica, além de sustentável, também estimula a produtividade das fazendas, pois, hoje, a média de criação de bovinos no País é de apenas 1,2 animais por hectare por ano.
Que arroto!
O GEE de maior peso na pecuária é o metano (CH4, na sua fórmula química). Sabia que esse gás, na verdade, é liberado pelo boi quando ele arrota? É isso, mesmo. Diferente do que muita gente pensa, não é pelo ‘pum’ do animal.
Isso porque o gás é o resultado do processo da digestão do gado, quando ele está “mastigando”. Tecnicamente – e nos perdoe o biologiquês e alguns detalhes sórdidos (rs!) –, quando o boi come o capim, este alimento é regurgitado para ser “remastigado”. Este processo é conhecido por ruminação e é auxiliado por bactérias no estômago do bovino.
A ação dessas bactérias disponibiliza os nutrientes do capim para o boi e libera metano. No entanto, dependendo da qualidade da pastagem e outros suplementos nutricionais dados aos animais, as emissões de metano dos bovinos podem ser ainda menores.
Outro fato curioso: para medir as emissões dos bovinos, os pesquisadores usam uma espécie de “headfone” colocado no animal e que capta a quantidade de metano a cada arroto.
Além do arroto, os dejetos dos bovinos, ao entrar em decomposição, também liberam GEEs como o gás óxido nitroso (N2O) e o metano. Mas agora com a tecnologia da Embrapa, a pecuária está com seu certificado de emissão “zero”!
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