O que deuses e guerras têm a ver com o nosso arroz e feijão?
Confira algumas curiosidades da história da dupla de grãos que formam a base das refeições no País
O AgroSaber dá a sequência à série de matérias que contam um pouco da história dos alimentos no Brasil e no mundo. Desta vez, dois grãos são o tema central: o arroz e o feijão. As duas lavouras se tornaram tão importantes para o País que atualmente formam a base das refeições da família brasileira.
As duas já eram comuns antes mesmo da chegada dos portugueses ao Brasil, e cada uma delas tem uma origem curiosa. O arroz por exemplo possui origem asiática. Era tão importante que era usado em celebrações religiosas na Índia. Já o feijão, com origens nas Américas, era a dieta de guerreiros na Roma antiga. Confira essas histórias.
Cereal divino
O arroz é a terceira maior cultura de cereais do mundo, apenas ultrapassada pelo milho e o trigo. Diversos historiadores e cientistas apontam o sudeste da Ásia como o local de origem deste cereal. Nas províncias de Bengala e Assam, na Índia, bem como em Mianmar têm sido referidas como centros de origem da planta.
Na Índia, por exemplo, o grão era usado como oferenda em cerimônias religiosas descritas nas escrituras hindus. Da Índia, o arroz viajou e se expandiu na China e na Pérsia, difundindo-se mais tarde na Malásia, Indonésia, Filipinas e Japão.
O cereal foi introduzido pelos árabes no Delta do Nilo, no Egito, e posteriormente, chegou à Itália. No sudeste europeu, a lavoura foi levada pelos turcos. Foram, provavelmente, os portugueses quem introduziram esse cereal na África Ocidental, e os espanhóis, os responsáveis pela sua disseminação nas Américas.
Arroz no Brasil
Alguns autores apontam o Brasil como o primeiro país a cultivar esse cereal no continente americano. Para os indígenas da tribo tupi, o arroz era conhecido como “milho d’água” (abati-uaupé), e era cultivado em áreas alagadas próximas ao litoral.
Em 1587, as lavouras de arroz já ocupavam terras na Bahia e, por volta de 1745, chegou ao Maranhão. A prática da orizicultura no Brasil, de forma organizada e racional, teve início em meados do século 18.
Um relato das expedições do biólogo francês Auguste de Saint Hilaire por volta de 1820 ao território do Rio Grande do Sul, apontou a ocorrência do arroz no Estado. Outros autores, porém, falam da introdução da cultura por imigrantes alemães no Estado.
O fato é que a lavoura ganhou grandes proporções em terras gaúchas, com a ajuda da ciência no melhoramento genético de plantas e em melhores técnicas de cultivo. Na safra 2020/2021, da produção de 11,8 milhões de toneladas, 70,4% são da safra do Rio Grande do Sul, de 8,3 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Feijão
O que não faltam são hipóteses para explicar a origem desta importante leguminosa tão presente na alimentação. Arqueólogos dizem que em cerca de 10.000 a.C., o feijão tenha sido utilizado na América do Sul, no Peru e transportado para a América do Norte.
Há relatos antigos do feijão que ocorreram na Bíblia, no Egito, e na Grécia, sendo cultuados como símbolo de vida. As gravuras nas ruínas da antiga Tróia, mostravam que o alimento era o prato favorito dos guerreiros. Muitos historiadores acreditam que foram as guerras que ajudaram a disseminar o cultivo do grão.
Já no Brasil, os índios, por volta do século 16, chamavam o feijão de “comanda” e comiam com farinha. Quando os portugueses chegaram, adotaram essa refeição, ajudando a espalhar essa combinação por todo o Brasil.
A safra brasileira atual é de 3 milhões de toneladas. O principal Estado produtor de feijão é o Paraná, com 531,4 mil toneladas, 17,7% da produção nacional, segundo a Conab. É seguido por Minas Gerais, com 520,6 mil toneladas (17,3%); Mato Grosso, com 363,6 mil toneladas (12,1%); Goiás, com 353,9 mil toneladas (11,8%); e Bahia, com 233,2 mil toneladas (7,7%).
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